«Eu cá gosto é de malhar na direita, e gosto de malhar com especial prazer nesses sujeitos e sujeitas que se situam, de facto, à direita do PS. São das forças mais conservadoras e reaccionárias que eu conheci na minha vida, e que gostam de se dizer de esquerda plebeia ou chique. Refiro-me, obviamente, ao PCP e ao Bloco de Esquerda».
Entre outras «pérolas», esta foi uma das preciosidades com que o Ministro Augusto Santos Silva brindou os militantes do PS, numa reunião que decorreu ontem, no Largo do Rato, com o objectivo de discutir as várias moções de estratégia para o próximo congresso. Instado por um dos históricos socialistas, Edmundo Pedro, a alargar o debate à situação interna do partido, o Ministro respondeu que era «provavelmente a última pessoa interessada em discutir, numa sessão de debate entre moções, aberta, as questões de governança interna e de pequena ou micro escala de um partido político».
Augusto Santos Silva é sociólogo, com escritos muito interessantes sobre Cultura e Cidades, e confesso que até nutria um certo respeito pela personalidade. Contudo, os tiques «controleiros» e estas tiradas absolutamente despropositadas (e até rudes) têm esboroado por completo a imagem do sociólogo e teórico da Cultura. Eu cá também estou farto deste tipo de socialismo, com tiques totalitários, prepotentes, «controleiros» e manipuladores, de debates vazios e sem respostas a nada nem a ninguém. «Malhar» é um verbo demasiado plebeu para um erudito da estirpe de Santos Silva. Não lhe fica nada bem. Até porque o povo português pode estar a preparar-se para «malhar» neste tipo de socialismo e neste tipo de Governo, que, de certeza, não é o que quer para um Portugal «de jeito».