Sejamos francos e honestos. Os nossos políticos são, no mínimo, medíocres. Numa altura em que a indústria já deu mostras de estar em dificuldades, com despedimentos, «lay-offs» e quebras na laboração, Mário Lino «esquece-se» de responder a uma proposta da «Airbus», um gigante da indústria aeronáutica. Na sequência de um negócio entre a «TAP» e a «Airbus», a empresa disponibiliza-se, em Setembro de 2008, a criar condições para que haja projectos cooperação com a indústria nacional. Todo este tempo depois, acaba por ser um deputado socialista (Ventura Leite) a escrever um relatório, no âmbito dos trabalhos da comissão parlamentar a que pertence, dando conta da oportunidade perdida. Mário Lino, o mesmo Ministro que chamou «deserto» à margem sul e que disse que o novo aeroporto, «em Alcochete, jamais!», o mesmo Ministro que adormeceu durante um discurso do Presidente da República, agora parece que se «esqueceu» de Portugal.
O caso «Freeport» volta a surgir. De repente, toda a gente volta a questionar-se como foi possível construir um empreendimento daqueles em terrenos supostamente abrangidos por medidas de preservação ambiental. Parece, pelo que se lê, que terá havido lugar ao pagamento de «luvas» a um ex-ministro do Governo de António Guterres, para que se dessem estas facilidades. O Ministro do Ambiente, na altura, era… José Sócrates, que se apressou a assobiar para o lado, respondendo que esperava que as autoridades cumprissem o seu dever rapidamente. Um tio do Primeiro-Ministro, que se viu envolvido no caso, já confessou ter sido intermediário num encontro entre este e um representante da «Freeport». A «novela» vai tendo desenvolvimentos, mas já se percebeu que há políticos metidos nisto.
No Parlamento, o Governo continua a não conseguir um motivo para forçar uma demissão, que permita «salvar» a maioria absoluta. A oposição continua a baptizar o Ministro Augusto Santos Silva de «controleiro», o líder da bancada Socialista Alberto Martins ameaça com a demissão, levantando o tom dramático em torno da votação ao projecto do CDS-PP sobre o modelo de avaliação dos professores. Os deputados são convocados quase um a um para não faltarem e para votarem de acordo com a sua consciência… partidária, claro está, porque está em causa a política do Governo.
Armando Vara foi, ao que parece, promovido na Caixa Geral de Depósitos, onde chegou graças aos seus méritos, por certo. Sucede que foi promovido numa altura em que saía para o BCP, o que, em princípio, terá efeitos na sua reforma. O mesmo quadro que, enquanto governante, se viu envolvido em polémica devido à criação de uma pouco clara fundação ligada à prevenção rodoviária. E, entretanto, foram surgindo outras notícias, que continuam a não abonar a seu favor.
E poderíamos falar de muitos outros, como Dias Loureiro, ou Oliveira e Costa.
Entretanto, Manuela Ferreira Leite continua a surpreender. De Santa Maria da Feira fica a memória de mais uma «gaffe», desta vez envolvendo as «queixinhas» do Governo, e a alegada influência sobre um jornalista da «Lusa» para ir a Espanha ouvir os socialistas espanhóis sobre a posição do PSD em relação ao TGV. O PSD continua noutra «onda». Nunca se sabe o que o PSD pensa. Nunca se sabe que alternativas o PSD tem. Ou temos o silêncio, ou temos qualquer coisa que não interessa nada nem acrescenta nada.
Tudo isto se passa num país em que a crise assola. Em que há pessoas que trabalharam uma vida inteira, se vêem privadas de fazerem a única coisa que sabem fazer, porque já não há lugar para elas, porque o que produzem já «não tem mercado». Tudo isto se passa num país em que os jovens licenciados não conseguem entrar no mercado de trabalho. Tudo isto se passa num país onde há gente a dormir na rua à porta dos Ministérios. E andam estes senhores «politiqueiros» preocupados com as suas «politiquices», dando a ideia de que vivem num país diferente. Foi esta gente que o povo português elegeu, e que o representa. É isto, portanto, o povo português?