Hoje e amanhã, na Fundação Calouste Gulbenkian, fala-se sobre a importância da leitura. O repto é interessante: «leiam tudo o que puderem», escreve o «Público» de hoje. O importante é que se leia, para que passemos de meros leitores que o fazem para que a vida funcione (por exemplo, ler avisos que nos previnem de perigos ou nos informam de determinados condicionalismos), a leitores capazes de se embrenharem no fascinante mundo da literatura, capazes de se deixarem surpreender pelo potencial das palavras. O que me parece é que a literatura tem o fascinante dom de entrar pela nossa vida dentro em determinada altura, quase sempre por acaso, nos surpreende e marca. Para isso, basta que estejamos prontos para nos deixarmos surpreender e marcar.
Há cerca de dois anos, foi encontrado um manuscrito de Mozart, numa livraria em Nantes (França). Trata-se, concluiram os especialistas, de uma obra inédita do compositor. Essa mesma obra foi hoje executada pela primeira vez em público. Um excerto para violino, pelo que se pode ouvir. Não sei se a obra será só isso, se será apenas parte de algo maior. Uma coisa é certa, também Mozart, como a literatura, não pára de nos surpreender, desde que estejamos prontos para sermos surpreendidos. Christian Jacq escreveu vários volumes dedicados ao compositor e às suas ligações ao mundo da Maçonaria vienense. Talvez seja um bom pretexto para se deixar surpreender.
Verifiquei, ainda, que não fui o único a reparar na hesitação de Obama, durante o juramento. Segundo se diz, houve mesmo lugar à repetição do mesmo. Ferreira Fernandes, no «Diário de Notícias» de hoje também fala no assunto, mas vai mais longe. Pergunta «para que servem os discursos». Se a palavra é a melhor «arma» dos políticos, nós por cá também gostaríamos de ter lutadores deste calibre. Houve quem me dissesse (bem) que por cá precisávamos de um Obama. E se calhar é verdade.