Daniel Barenboim é um famoso pianista e maestro, conhecido por vários motivos, nomeadamente por ser um enorme músico. Mas não só. Barenboim nasceu na Argentina, é judeu, e foi a primeira pessoa que teve direito a passaporte israelita e palestiniano. Como tudo o que vem daquela região, trata-se de um «cocktail explosivo».
Recentemente, Daniel Barenboim lançou-se numa aventura que prova que a música é, de facto, a arte mais completa. Conseguiu formar uma orquestra, com cerca de 90 músicos, que juntou jovens israelitas e palestinianos, tocando, aprendendo e trabalhando lado a lado. Partilhando as emoções da música, a indizível sensação de produzir sons em harmonia, deixando de parte toda a complicação que os separa.
A este projecto, Barenboim deu o nome de «Eastern-Western Divan Orchestra». Confesso que não pesquisei a fundo o porquê do nome ou os eventuais segundos sentidos. Fiquei-me apenas por uma conclusão muito pessoal. De facto, o conflito israelo-árabe é algo que ultrapassa largamente a minha capacidade de compreensão. Há sempre qualquer coisa que não está bem, e que acaba por motivar mais bombas, mais gente morta, mais instabilidade internacional. Enfim, complicações, coisas parecidas com «neurotiquices» com força suficiente para nos levarem ao divã do psiquiatra.
O gesto «simples» de Daniel Barenboim prova que a sublime arte dos sons, na sua «simplicidade», fez «deitar» Israel e a Palestina no seu divã. A ver se, com «acompanhamento psiquiátrico», a coisa se resolve.
(Clique nesta foto para ver o vídeo do jornal Público)